Eu sou a Carol Tsai, a pessoa por trás da Niuá Cerâmica. Sou mulher, mãe e artista. Crio e me expresso através da arte cerâmica.

Desde que me entendo por gente, sou atenta aos espaços e objetos, sempre tive apreço por cuidar do meu entorno e das coisas que fazem parte do meu cotidiano. 

Na adolescência, estudei design de interiores e tive contato com novas possibilidades de entender e repensar esses lugares que vivencio. Nesse momento, fui muito influenciada pela Bauhaus e, a partir daí, o meu exercício criativo sempre esteve vinculado à funcionalidade e estética simples em tudo que me propus a fazer.

Já quis ser arquiteta, mas por acaso do destino (mais conhecido como não passei no vestibular), acabei caminhando para a minha segunda opção: artes visuais.

Já dentro da universidade, eu tentava associar tudo com uma pitada dessa visão entre função e beleza, e foi na cerâmica que todos esses ímpetos criativos encontraram terreno fértil.

Desde a primeira aula, eu me vi mergulhada no ateliê, que era onde eu mais gostava de trabalhar e, apesar de todas as limitações da universidade, a minha vontade de desenvolver idéias através da cerâmica só aumentava.

Desde então, eu me conectei à cerâmica de maneira significativa.

 

Dois anos depois, ainda no meio da graduação, nasceu meu filho e ele precisou de mim mais do que nunca. Dediquei os anos seguintes à esse momento.

Em 2013 eu retomei a graduação, finalizei esse ciclo, levando meu filho junto comigo nas aulas e assim, finalmente, me formei bacharel em artes visuais.

No ano seguinte, me mudei da capital e fui morar em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, onde vivi por quatro anos e onde consegui, aos poucos, voltar para cerâmica. Trabalhei um ano como assistente da ceramista Malu Ramos e essa retomada à rotina do ateliê reacendeu meu desejo por viver da cerâmica, da minha própria cerâmica.

Com o apoio de amigos, consegui doações de materiais, como argilas e sobras de esmaltes, ferramentas sem uso ainda da época da faculdade, uma doação de um forno de raku usado e algum auxílio financeiro da minha família para comprar um maçarico e alguns itens básicos para a produção de uma cerâmica totalmente manual. Assim, dentro de uma kitnet, em um contexto bem longe do ideal, minha trajetória de pequena empreendedora e ceramista profissional começou.

Esse primeiro momento foi essencial para explorar possibilidades, desenvolver técnicas e experiência de maneira autônoma e autodidata. Foi alí que fiz minha primeira queima à gás, desenvolvi meus primeiros produtos (que na época eram, principalmente, brincos e colares) e assumi tudo isso como profissão. Comecei a expor meu trabalho on-line e em feiras e aos poucos fui construindo minha identidade e confiança como ceramista.

Em 2016, tive a sorte e a oportunidade de poder investir no meu ateliê e então pude comprar equipamentos mais caros, como o torno elétrico, uma plaqueira e o forno para alta temperatura. Essa, com certeza, foi uma grande virada. Com essa nova estrutura, eu pude finalmente criar o que eu realmente queria: objetos de arte funcionais, resistentes, bonitos para uso cotidiano, finalizados em alta temperatura.

 

A cerâmica que escolhi fazer

Na intenção de desenvolver objetos úteis, minha pesquisa busca criar uma unidade coerente: peças resistentes ao manuseio e ao uso diário, cores harmoniosas e formas simples que possibilitam ser combinadas entre si e também com a cerâmica do mundo.

Na contramão das grandes indústrias, meu trabalho aceita as sutilezas do fazer manual. Aqui existe espaço para a beleza contida nas formas gestuais, nas cores irregulares, na casualidade e na aleatoriedade que a queima através do fogo proporciona.

A criação é fluida, a composição é leve e o destino é oferecer beleza e significado à mesa e ao cotidiano.